Mais uma vez, o GP da Argentina deixa o calendário da MotoGP e tem um futuro incerto pela frente. Mas os hermanos já receberam a categoria mais vezes que nós e tem uma história recheada de fatos marcantes para se orgulhar.
1961
O GP da Argentina em Buenos Aires foi a última etapa daquela temporada e a primeira vez que o Campeonato Mundial disputou uma corrida fora da Europa. Nem todos os principais pilotos apareceram, prática comum naqueles tempos. Assim levavam vantagem os pilotos locais, que conheciam a pista.
Foi o caso das 500cc vencida pelo argentino Jorge Kissling, a frente do compatriota Juan Carlos Salatino. O fato mais marcante aconteceu nas 125cc: Ernst Degner da Alemanha Ocidental, que era favorito para conquistar o título, não conseguiu largar, dando-o de presente para o australiano Tom Phillis. Essa também foi a primeira conquista da Honda nessa classe.
1962
Mais uma vez, as estrelas do show não apareceram. Os argentinos, então voltaram a dominar com Benedicto Caldarella, que venceu com sua Matchless e Juan Carlos Salatino, que repetiu a segunda colocação do ano anterior.
A corrida das 250cc foi ganha por Arthur Wheeler, então com 46 anos, o mais velho piloto a vencer uma corrida oficial e a última das 45 vitórias da Moto Guzzi. Nas 125cc, o triunfo ficou com Hugh Anderson pilotando uma Suzuki.
1963
Dessa vez, o público pôde apreciar a pilotagem de Mike Hailwood e sua MV Agusta. O inglês venceu com uma volta de vantagem sobre o segundo colocado e seis à frente do sexto. Nas 250cc, Tarquinio Provini deu a Morini seu último triunfo em GPs enquanto que Jim Redman venceu nas 125cc.
1981
Após uma ausência de 17 anos, o Mundial regressou à Argentina, mais uma vez em Buenos Aires. Entretanto só apareceram as categorias intermediárias, 125cc, 250cc e 350cc, vencidas por Angel Nieto, Jean-Francois Balde e Jon Ekerold, respectivamente.
1982
No ano seguinte, a 500cc reapareceu. O vitorioso foi ninguém menos do que Kenny Roberts, com Barry Sheene em segundo e Freddie Spencer em terceiro. O norte-americano estreava, na ocasião, a Honda três cilindros de 2 tempos, que iria dominar nos anos seguintes.
Os conhecidos não estavam apenas na 500cc. Nas 125cc, o lendário Angel Nieto mais uma vez venceu dando à Garalli sua primeira vitória, enquanto que nas 350cc, o vencedor foi o popular piloto espanhol Carlos Lavado.
1987
Depois de passar pelo Brasil, onde Wayne Gardner (Honda) sagrou-se Campeão Mundial de 1987, o campeonato rumou à Argentina para a última etapa daquele ano. Dessa vez, a vitória coube ao seu principal rival, Eddie Lawson (Yamaha).
O californiano viu a linha de chegada 11 segundos antes do conterrâneo Randy Mamola, que disputava na Argentina sua última corrida pelo Team Roberts, e consequentemente, sua última prova em uma equipe de ponta. Ele iria para a pequena Cagiva no ano seguinte.
Dessa vez, apenas as classes 250cc e 500cc apareceram. Na classe menor, a vitória ficou com Sito Pons, hoje chefe de equipe na Moto2. O espanhol chegou apenas 190 milésimos à frente de Dominique Sarron, irmão do conhecido piloto francês, Christian Sarron.
1994
Depois de mais uma pausa, a Argentina voltou ao calendário em 1994, mas só as 500cc e as 125cc apareceram. Jorge ‘Aspar’ Martinez (chefe da equipe Aspar) assinalou a última de suas 37 vitórias competindo nas 125cc. Foi também a última vitória da Yamaha nessa categoria.
Já nas 500cc, a vitória ficou com o australiano Mick Doohan, sendo essa a nona e última vitória no ano de seu primeiro e aguardado título mundial. Doug Chandler, da Suzuki e John Kocinski pela Cagiva completaram o pódio.
1995
Doohan repetiu a dose no ano seguinte, quando já chegou à Argentina com o título garantido, o seu bicampeonato. O piloto da Honda cruzou a linha de chegada 2s293 à frente de Daryl Beattie da Suzuki e Luca Cadalora, que então competia pela Yamaha.
Quem também vencia com o bicampeonato debaixo do braço era Max Biaggi, nas 250cc. O romano ficou apenas 204 milésimos à diante de Tetsuya Harada. Nas 125cc, a honra coube ao espanhol Emilio Alzamora, o descobridor de Dani Pedrosa, anos mais tarde.
1998
Novamente fechando o calendário, o circuito Oscar Galvez em Buenos Aires viu a última vitória da gloriosa carreira de Mick Doohan. O australiano, que acabava de se sagrar pentacampeão abandonaria as pistas apenas alguns meses mais tarde.
Mas as maiores emoções aconteceram nas 250cc, que vivia clima de decisão de título. Loris Capirossi e Tetsuya Harada, então separados por apenas 2 pontos, colidiram na última curva. Harada caiu, mas Capirossi continuou e com o segundo lugar se sagrou campeão.
Sabe quem ficou com a vitória? O companheiro de equipe de Capirossi, Valentino Rossi, então com apenas 19 anos competindo pela Aprilia, a maior equipe da época. Nas 125cc, o vencedor foi o japonês Tomomi Manako.
1999
Em 1999, o GP da Argentina continuou sua tradição de consagrar nomes que seriam conhecidos nos dias atuais: Nas 125cc, Emílio Alzamora terminou em segundo e conquistou o título com apenas 1 ponto de vantagem sobre o promissor Marco Melandri.
Olivier Jacque venceu a etapa das 250cc enquanto Kenny Roberts Jr, filho do “King Kenny” levou a melhor nas 500cc. O norte-americano, que seria campeão em 2000, foi o último a vencer na classe principal em terras argentinas durante aquele período
2014
Depois de mais uma longa pausa, o Mundial voltou à Argentina em 2014 em um novíssimo circuito, Termas de Rio Hondo, localizado em uma belíssima região na província de Santiago Del Estero, localizada no norte do país, em uma região de águas termais.
O primeiro vencedor em Termas de Rio Hondo foi Marc Márquez. O espanhol se recuperou de uma má largada e realizou uma ultrapassagem cirúrgica sobre Jorge Lorenzo, que liderava. Na Moto2 a vitória ficou com o campeão ‘Tito’ Rabat e na Moto3, o encrenqueiro Romano Fenati.
2015
Em 2015 aconteceu o contrário: Márquez largou na pole e vinha liderando a corrida com tranquilidade até restarem apenas 5 voltas para o final, quando passou a sentir a aproximação de Valentino Rossi, que se recuperava de uma má classificação, onde fora apenas 10ª.
Rossi encostou em Márquez na última volta, que não quis facilitar e acabou caindo. Rossi venceu e comemorou no pódio com a camisa da Seleção Argentina de Futebol, em uma das cenas mais emblemáticas dos anos 2010. Johann Zarco venceu na Moto2 e Danny Kent na Moto3.
2016
Um ano depois, Márquez voltou à Argentina disposto a não repetir os mesmos erros e assim o fez. O espanhol venceu a prova com confortáveis sete segundos de vantagem para Rossi, que ainda ganhou a posição de presente.
Rossi vinha apenas em quarto, mas Andrea Iannone e Andrea Dovizioso – então colegas na Ducati – acabaram colidindo na última volta! Johann Zarco voltou a vencer na Moto2 enquanto que Khairul Pawi ganhou na Moto3, sendo essa primeira vitória dele e da Malásia no Mundial.
2017
Em 2017, Márquez vinha liderando quando caiu novamente. Isso deixou o caminho livre para Maverick Viñales cruzar a linha de chegada em primeiro trazendo Valentino Rossi em segundo em uma dobradinha para a Yamaha. Cal Crutchlow completou o pódio.
Na Moto2, a vitória ficou com Franco Morbidelli, a segunda na temporada que o consagraria como Campeão Mundial da classe intermediária, assim como Joan Mir, que fez o mesmo na Moto3 e hoje é o campeão de 2020 e piloto da Repsol-Honda.
2018
Honrando a tradição de nos presentear com fatos históricos, o Grande Prêmio da Argentina de 2018 também foi polêmico graças a mais um choque entre Valentino Rossi e Marc Márquez, o terceiro dos dois e segundo em terras argentinas. A corrida foi vencida por Cal Crutchlow.
Na Moto2, quem cruzou a linha de chegada em primeiro foi o italiano Mattia Pasini, seguido de perto por Xavi Vierge e Miguel Oliveira. Já na Moto3, o vitorioso foi Marco Bezzecchi, com Aron Canet e Fabio Di Giannantonio completando o pódio. Reconhece esses nomes?
2019
Em 2019, Márquez (Honda) queria apagar a má impressão deixada no ano anterior e foi tão dominante que venceu a corrida com quase 10 segundos de vantagem para Rossi (Yamaha), o segundo colocado e Andrea Dovizioso (Ducati), o terceiro.
Na Moto2, a vitória ficou com o italiano Lorenzo Baldassari, a frente de Remy Gardner e Alex Márquez, que ficaria com o título ao final do ano. Na Moto3, o vitorioso foi Jaume Masia, campeão da categoria em 2023, seguido de Derryn Binder e Tony Arbolino.
2022
Em 2020 e 2021, o GP da Argentina foi cancelado em decorrência das limitações impostas pela pandemia de Covid-19. Além disso, um incêndio devastou a área dos boxes do circuito de Termas de Rio Hondo, mas tudo foi prontamente reconstruído para 2022.
A edição de 2022 viu a primeira vitória de Aleix Espargaró e da Aprilia na MotoGP, após uma ultrapassagem decisiva nas últimas voltas da corrida. Na Moto2, quem venceu foi o italiano Celestino Vietti e na Moto3 o espanhol Sergio Garcia.
2023
Realizada debaixo de muita chuva, a corrida do ano passado marcou a primeira vitória de Marco Bezzecchi na MotoGP, que mostrou grande talento na pista molhada enquanto que Pecco Bagnaia e o vencedor da Sprint Race, Brad Binder, caíram.
Na Moto2, a vitória ficou com Tony Arbolino e na Moto3, com o japonês Tatsuki Suzuki, tendo Diogo Moreira em segundo. O cancelamento da etapa desse ano significa que não poderemos ver Diogo agora na Italtrans, uma das melhores equipes da Moto2. Realmente uma pena!