Desde 2019, a Kawasaki possui, na linha Ninja H2/H2R, a chamada “tinta autocorretiva” capaz consertar sozinha pequenos riscos. Que maravilha é essa? É o que você descobre aqui.
Durante o seu lançamento, em 2018, a Kawasaki não entrou em maiores detalhes, descrevendo-a apenas como “uma pintura extremamente durável, utilizada em todas as partes da carroceria sem carbono e com um revestimento especial que permite que certos tipos de arranhões se reparem e que seu acabamento de alta qualidade mantenha-se através do desgaste normal”.
“Desenvolvido internamente pela Kawasaki, o tempo entre o aparecimento de um pequeno arranhão e a ‘cura’ está numa liga diferente, semelhante à sistemas automotivos, que podem levar semanas para curar completamente. Notas: 1) Em alguns casos, leva mais de uma semana para a recuperação. 2) a tinta não recuperará o caso de arranhões causados por moedas, chaves, ou zíperes.”
Tintas autocorretivas não são novidade no setor automotivo. Mercedes-Benz, Nissan e Toyota já ofereceram pinturas semelhantes em carros durante algum tempo, mas ultimamente elas são mais encontradas através de fabricantes independentes no mercado de restauração e personalização. No entanto, a Kawasaki é a primeira a oferecê-las em motos de produção.
A imprensa norte-americana foi atrás de mais informações e descobriram que a Kawasaki havia patenteado anteriormente uma pintura autocorretiva capaz de recuperar-se de arranhões entre 10 a 20 minutos a temperaturas ambientes de 26º-30º. Ou seja, consideravelmente mais rápido do que a tinta utilizada em alguns carros, que podem levar semanas.
A fórmula é da Natoco, uma empresa japonesa de tintas e foi apresentada pela primeira vez em 2014 na Display Week, uma feira para a indústria de displays eletrônicos. Aparentemente, a empresa via mais potencial para uso em smartphones e outros dispositivos portáteis, antes de seu uso em veículos automotores.
Trata-se de um material de liga de polímero, que evita arranhões, usando o que a Natoco chama de “efeito de curling” e “efeito de trampolim”. O primeiro é descrito como um revestimento liso e escorregadio que resiste a danos, deslizando qualquer material abrasivo ao longo da superfície sem deixar manchas.
O segundo efeito descreve como a resina contém “camadas macias” que recebem elementos recuados e duros (de um arranhão) que fazem com que a reentrância retorne ao seu estado original, semelhante ao efeito de um trampolim.
A patente da Kawasaki ainda descreve como uma camada auto corretiva é aplicada sobre outra resina de acabamento não restauradora. Esta camada inferior é mais dura que a camada auto reparadora, para fornecer um segundo nível de proteção.
Usando um teste padronizado de dureza de arranhões a lápis, a camada inferior pode resistir a arranhões por qualquer coisa mais macia do que isso . Se for mais duro, entretanto, a camada superior perde sua capacidade de “autocura”.
A Kawasaki argumenta que pinturas autocorretivas, são mais necessárias em motos, porque a carroceria entra em contato com o condutor com mais frequência do que em carros. O tanque de combustível pode ser constantemente danificado pela própria roupa e áreas próximas à ignição também podem ser riscadas por chaves ou chaveiros.
Em uma motocicleta como a Kawasaki Ninja H2/H2R, cuja pintura ainda tem a capacidade de escurecer no escuro e produzir um brilho espelhado na claridade, pequenos arranhões como esses são particularmente notáveis.
O custo da tinta auto corretiva é provavelmente mais caro do que os vernizes normais, e é por isso que ela está presente apenas em outros modelos premium, como Versys 1000 Grand Tourer e a Ninja H2 SX SE+. A expectativa é de que os custos caiam nos próximos anos.